A HISTÓRIA DO USO DA GRAVATA
A HISTÓRIA DO USO DA GRAVATA
A gravata, como acessório de vestuário masculino, tem uma origem curiosa e histórica que remonta ao século XVII. Sua evolução está ligada a questões militares, culturais e de moda, sendo que seu uso foi se transformando até chegar ao modelo que conhecemos hoje. A seguir, explico sua origem com referências confiáveis:
🏰 Origem na Croácia (século XVII)
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A gravata moderna tem origem na Croácia, durante a Guerra dos Trinta Anos (1618–1648), quando mercenários croatas a serviço do exército francês usavam lenços ou faixas amarradas no pescoço como parte de seu uniforme.
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Os franceses ficaram impressionados com o estilo e incorporaram o adereço à moda da corte, chamando-o de “cravate”, uma corruptela da palavra “croate” (croata em francês).
📚 Referência:
RIBEIRO, João. História do traje. São Paulo: SENAC, 2000.
MOLYNEUX, Caroline. A History of Men's Fashion: What the Well-Dressed Man is Wearing. London: Thames & Hudson, 2003.
👑 Difusão na França – Corte de Luís XIV
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O rei Luís XIV adotou a cravate como símbolo de elegância e status. A partir de então, a peça se popularizou entre a nobreza europeia.
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No século XVIII, surgiu a “cravate blanche” (gravata branca), que exigia técnicas específicas de amarração.
📚 Referência:
BREWARD, Christopher. The Culture of Fashion: A New History of Fashionable Dress. Manchester University Press, 1995.
👔 Evolução para o modelo atual
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No século XIX, durante a era vitoriana, a gravata passou por transformações e surgiu o “tie” inglês, mais estreito e mais próximo do modelo moderno.
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O modelo padrão de gravata como o conhecemos hoje surgiu no início do século XX, com o advento da gravata de seda cortada em viés (45°), criada pela Lois F. Langsdorf em 1924 nos EUA.
📚 Referência:
HOLLANDER, Anne. Sex and Suits: The Evolution of Modern Dress. New York: Knopf, 1994.
FLÜGEL, J. C. The Psychology of Clothes. London: The Hogarth Press, 1930.
✅ Resumo da origem da gravata:
| Época | Local | Evento/Personagem | Contribuição |
|---|---|---|---|
| Século XVII | Croácia/França | Mercenários croatas | Faixas no pescoço, origem da “cravate” |
| Século XVII–XVIII | França | Luís XIV e nobreza | Popularização como símbolo de status |
| Século XIX | Inglaterra | Moda vitoriana | Surgimento da gravata mais estreita |
| Século XX | EUA | Langsdorf | Modelo moderno, corte em viés |
A GRAVATA E A RELIGIÃO
A gravata não tem uma origem religiosa direta, mas ao longo da história, o ato de cobrir o pescoço ou usar enfeites nessa região pode ter tido conotações simbólicas ou espirituais em algumas culturas. No entanto, a gravata como a conhecemos hoje surgiu com origem militar e depois se tornou um item secular de moda, não litúrgico.
✅ Esclarecimentos sobre possíveis ligações religiosas (mas não origens):
1. Sinal de ordem, respeito ou hierarquia
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Em tradições religiosas antigas, como o judaísmo e o islamismo, o modo de se vestir era (e ainda é) um marcador de modéstia e reverência, mas não há uso de gravata.
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Em algumas igrejas cristãs protestantes contemporâneas (sobretudo evangélicas), o uso da gravata é considerado um símbolo de reverência a Deus no culto, especialmente entre líderes ou pastores, mas isso é um costume moderno, e não bíblico ou doutrinário.
📚 Referência:
MCGOWAN, Andrew B. Ancient Christian Worship. Baker Academic, 2014.
2. Vestimenta clerical cristã: colarinho eclesiástico ≠ gravata
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Padres católicos usam o colarinho clerical branco, e pastores anglicanos ou protestantes reformados também. Isso pode lembrar uma gravata, mas é outro tipo de símbolo — ligado à autoridade eclesiástica.
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A gravata, nesse contexto, não tem valor religioso, embora em algumas denominações o seu uso seja adotado como vestimenta formal em cultos.
📚 Referência:
VELING, Terry. Practical Theology: On Earth as It Is in Heaven. Orbis Books, 2005.
3. Gravata como símbolo secular incorporado a contextos religiosos
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Em muitas igrejas ao redor do mundo (inclusive no Brasil), a gravata passou a ser um símbolo de respeito e decoro, principalmente no ambiente de culto — mas isso é costume cultural e não tradição religiosa original.
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Em algumas igrejas pentecostais, homens que não usam gravata em certas funções podem até ser vistos como menos respeitosos, mas isso é uso cultural, não doutrinário.
📚 Referência:
MARTIN, David. Pentecostalism: The World Their Parish. Wiley-Blackwell, 2002.
✅ Conclusão:
A gravata não tem origem religiosa, mas sim militar e secular, que evoluiu para a moda europeia. Contudo, seu uso posterior foi associado à seriedade, autoridade e respeito, o que fez com que fosse incorporada por líderes religiosos modernos em contextos formais — sem fundamento teológico ou sagrado.
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