A conversa entre Otaviano Augusto e Cícero
O ano era 45 a.C., em uma vila tranquila nas colinas de Roma, Otaviano Augusto e Cícero se encontram em um jardim perfumado por flores e árvores frutíferas. A brisa suave e o canto dos pássaros criam um ambiente propício para uma conversa profunda.
Cícero: (contemplando a paisagem) Otaviano, é uma honra estar em sua companhia neste lugar que nos convida à reflexão. Diga-me, o que pensa sobre o destino de Roma nestes tempos de incerteza?
Otaviano Augusto: (com um olhar sereno) Cícero, é uma honra ouvir as palavras de um dos maiores oradores que Roma já conheceu. Quanto ao destino de nossa cidade, creio que ele está intrinsecamente ligado ao caráter de seus líderes e à virtude de seus cidadãos. O que é Roma senão uma extensão de nós mesmos?
Cícero: (assentindo) Sábias palavras, jovem Otaviano. Acredito firmemente que a virtude é a essência de uma república estável. Contudo, temo que a ambição e o poder estejam corrompendo muitos de nossos concidadãos. Como podemos preservar a liberdade e a justiça diante de tais forças?
Otaviano Augusto: A ambição é, de fato, um veneno que pode contaminar até os corações mais nobres. Mas também é um motor poderoso, que pode ser direcionado para o bem. Penso que precisamos encontrar um equilíbrio, um caminho em que a ambição possa servir à República em vez de destruí-la. Mas diga-me, Cícero, acredita que o poder pode ser exercido sem comprometer a virtude?
Cícero: (pensativo) Ah, essa é uma questão que me atormenta há tempos. O poder é uma espada de dois gumes. Ele pode proteger a justiça, mas também pode destruí-la. Acredito que a chave está na medida, na temperança. Somente aqueles que compreendem os limites do poder estão aptos a exercê-lo. Contudo, a história nos mostra que poucos conseguem resistir à tentação de ultrapassá-los.
Otaviano Augusto: (com um leve sorriso) E talvez seja por isso que Roma precisa de homens como você, que não apenas pregam a virtude, mas também a praticam. No entanto, me pergunto se, em tempos tão conturbados, a força não seria necessária para restaurar a ordem e garantir a paz. A força pode ser uma aliada da virtude?
Cícero: (com os olhos brilhando de paixão) Força e virtude não são inimigas, desde que a força seja guiada pela razão e pela justiça. Mas temo que, quando a força se torna o único caminho, ela corrompe e subverte a própria virtude que deveria proteger. Não foi isso que vimos com nosso querido Júlio César?
Otaviano Augusto: (com um tom melancólico) Sim, e é uma lição que devemos aprender. Talvez a verdadeira sabedoria esteja em saber quando a força é necessária e quando é melhor recuar e usar a persuasão, o diálogo. E você, mestre nisso, pode ensinar muito a nós, jovens romanos. Diga-me, que conselho daria a alguém que deseja governar para o bem de Roma?
Cícero: (pausando, como se pesando cada palavra) Governar é servir, Otaviano. Aquele que deseja governar deve primeiro aprender a servir seu povo, a escutar suas necessidades e a agir com justiça e moderação. Nunca deve esquecer que, antes de ser um líder, é um cidadão. E um cidadão virtuoso não age por interesse próprio, mas pelo bem comum.
Otaviano Augusto: (com respeito) Suas palavras são como um farol em meio à escuridão, Cícero. Espero que, se um dia o destino me conceder a responsabilidade de liderar, eu possa honrar esses princípios. Pois Roma merece ser guiada pela luz da razão e não pela sombra da tirania.
Cícero: (sorrindo) Que os deuses ouçam suas palavras, Otaviano. E que Roma possa florescer sob a liderança daqueles que, como você, buscam não apenas o poder, mas a verdadeira sabedoria e virtude.
Ambos se levantam e caminham juntos pelo jardim, continuando sua conversa sobre filosofia, política e o futuro de Roma, enquanto o sol se põe no horizonte, lançando um brilho dourado sobre a cidade eterna.

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